Escrito por: CUT-RS
Ato organizado pela CUT-RS e centrais sindicais reúne milhares em Porto Alegre, com música e luta por direitos
No Dia do Trabalhador, celebrado nesta quinta-feira, 1º de maio, a CUT-RS deu o tom da mobilização em Porto Alegre com um ato político-cultural que reuniu cerca de 3 mil pessoas na Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia. O evento, promovido em parceria com outras centrais sindicais, resgatou o verdadeiro sentido da data: luta por direitos, valorização do trabalho e resistência frente às desigualdades.
A atividade foi marcada por falas políticas, apresentações artísticas e presença de categorias profissionais, lideranças sindicais, movimentos sociais e partidos políticos. Ao som de Produto Nacional, Samba Delas, João de Almeida Neto e Florisnei Thomaz, a cultura popular se entrelaçou com as reivindicações da classe trabalhadora, entre elas o fim da jornada 6x1, a redução da carga horária de trabalho e a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
Além das apresentações musicais e das falas políticas, o evento também contou com a participação de oito cozinhas solidárias, que abasteceram a mobilização com lanches e bebidas. As cozinhas integram o projeto CUT com a Comunidade, uma iniciativa da CUT-RS que une solidariedade e organização popular nos territórios vulneráveis da região metropolitana.
“O 1º de Maio é um dia de luta. A CUT-RS se soma a essa história para lembrar que seguimos enfrentando jornadas excessivas, precarização, e que a pauta da vida além do trabalho é urgente. Queremos justiça fiscal, fim dos privilégios para os super-ricos e respeito à classe trabalhadora”, afirmou Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS.
Além da capital, a CUT-RS também esteve mobilizada em cidades como Tramandaí, Passo Fundo, Caxias do Sul e Pelotas, somando mais de 30 mil trabalhadoras e trabalhadores em todo o estado.
Uma data de luta histórica
O ato organizado pela CUT-RS e as centrais conecta-se com a origem do 1º de Maio, que remonta a 1886, em Chicago, quando trabalhadores que lutavam pela jornada de oito horas foram brutalmente reprimidos. Conhecido como a "tragédia de Haymarket", o episódio resultou na morte de manifestantes, prisões em massa e a condenação de líderes operários. Desde 1889, a data passou a ser internacionalmente reconhecida como símbolo da luta da classe trabalhadora.
No Brasil, a data começou a ser celebrada ainda no século XIX, mas foi esvaziada politicamente durante a ditadura militar. No final dos anos 1970, liderado por movimentos como o dos metalúrgicos do ABC, o 1º de Maio foi ressignificado como ferramenta de mobilização popular e crítica ao modelo de exploração vigente.
Um ano da enchente de 2023
O 1º de Maio deste ano também teve um significado especial por marcar a retomada da mobilização na data, após o cancelamento do ato em 2023 devido às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Um ano depois, o evento voltou mais forte, com ainda mais participação e simbolismo. A tragédia climática foi lembrada durante o ato por meio da exposição da obra Nau dos Insensatos – o fracasso do Estado mínimo, que denunciou os impactos do desmonte das políticas públicas e a omissão do poder público diante do sofrimento da população. A intervenção artística reafirmou que o Estado não pode se ausentar de suas responsabilidades sociais, especialmente frente às emergências ambientais cada vez mais frequentes.
Demandas atuais, lutas permanentes
A CUT-RS pautou no ato questões urgentes para os trabalhadores e as trabalhadoras, como a precarização por plataformas digitais, a pejotização e a redução da jornada de trabalho, aliada a melhores salários.
Pesquisas recentes mostram que entregadores de aplicativo, por exemplo, chegam a trabalhar até 80 horas por semana, realidade que lembra os tempos da Revolução Industrial.
A campanha A vida não tem hora extra, também destacada no evento, reforça essa crítica ao modelo de trabalho e defende o direito ao tempo livre, ao descanso e à convivência.
O 1º de Maio promovido pela CUT-RS foi mais do que uma data comemorativa: foi um chamado à luta coletiva. Com unidade a CUT-RS reafirma seu compromisso histórico com a defesa dos direitos, da democracia e da vida digna para todos os trabalhadores e trabalhadoras.