MENU

28 de abril: CUT-RS reforça luta pela segurança e saúde no trabalho

Com números alarmantes de acidentes e adoecimentos, CUT-RS destaca a importância da atualização da NR1, a retomada permanente das Comissões do Benzeno e o combate aos riscos psicossociais.

Publicado: 28 Abril, 2025 - 13h14

Escrito por: CUT-RS

notice

No dia 28 de abril, celebramos o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. A data marca a explosão em uma mina nos Estados Unidos, em 1969, que tirou a vida de 78 trabalhadores. Desde então, a tragédia levou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a instituí-la como momento de visibilidade e mobilização por ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.

A CUT-RS, ao lado da CUT nacional, reforça que este dia não é apenas de memória, mas também de luta. Em todo o país, a Central organiza atividades como o "Ato e Canto pela Vida", que ocorre neste ano em São Paulo, no dia 27 de abril, na Praça e Memorial Vladimir Herzog e no Centro Cultural Elifas Andreato, às 11h da manhã.

Tragédia que se repete: números alarmantes no Brasil

A realidade dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros é preocupante. No Brasil, um acidente de trabalho é notificado a cada 50 segundos ao INSS. Entre 2012 e 2022, foram registrados 6,7 milhões de acidentes de trabalho, que resultaram em 2,3 milhões de afastamentos e 25.492 mortes — o equivalente a uma morte a cada três horas e meia. Esses números, no entanto, dizem respeito apenas aos casos formais, deixando de fora milhões de trabalhadores informais.

Além disso, a saúde mental tem se tornado uma preocupação crescente. Em 2024, 472.328 afastamentos por transtornos mentais foram registrados, um aumento de 68% em comparação ao ano anterior. Ansiedade, depressão e síndrome de burnout vêm atingindo níveis alarmantes, fruto das pressões, do assédio moral e das jornadas exaustivas nos ambientes de trabalho.

Atualização da NR1 e combate aos riscos psicossociais

A luta da CUT neste 28 de abril passa pela defesa da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), que estabelece diretrizes gerais sobre segurança e saúde no trabalho. É fundamental que as empresas cumpram a obrigação de avaliar e mitigar todos os riscos ocupacionais — inclusive os psicossociais, como estresse crônico, assédio moral e pressão por metas inalcançáveis.

“Não se trata de avaliar individualmente o trabalhador, mas de enfrentar um modelo de organização do trabalho que adoece e mata”, afirma Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS. “Defendemos uma NR1 que proteja a saúde física e mental da classe trabalhadora, com forte atuação sindical na fiscalização.”

Para a secretária de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT, Josivânia Ribeiro, é imprescindível que haja fiscalização rigorosa e que a saúde mental esteja no centro das negociações coletivas:  "É preciso romper o tabu sobre a saúde mental no trabalho e enfrentar a precarização que gera adoecimento psíquico e físico", destaca.

A CUT nacional prepara, inclusive, um amplo processo de debate e formação para orientar sua base sindical sobre os riscos psicossociais, com propostas que incluem:

 

  • Participação ativa dos trabalhadores nos processos de identificação de riscos;

  • Respeito ao sigilo das informações coletadas;

  • Combate ao assédio moral, sexual e à violência no ambiente de trabalho;

  • Atuação sobre as condições estruturais de trabalho que geram adoecimento;

  • Prevenção baseada no respeito e na dignidade humana.

Retomada das Comissões do Benzeno

Outra bandeira importante é a retomada das Comissões Permanentes do Benzeno, instâncias que atuavam na prevenção da exposição a essa substância cancerígena. O desmonte dessas comissões aumentou os riscos para milhares de trabalhadores, especialmente nos setores petroquímico e siderúrgico.

Para Ivonei Arnt, presidente do Sindipolo-RS, "não podemos permitir que agentes tão nocivos como o benzeno ameacem  a saúde de quem trabalha. É urgente reconstruir esses espaços de controle".

Vida acima do lucro

Neste 28 de abril, a CUT-RS afirma: nenhuma meta de produção pode valer mais do que a vida humana. Construir ambientes de trabalho seguros, saudáveis e justos é uma luta permanente que exige vigilância, organização sindical e políticas públicas eficazes.

A discussão sobre os riscos psicossociais amplia o conceito de acidente de trabalho, incluindo o sofrimento mental muitas vezes invisibilizado pela sociedade. Para a CUT, falar de saúde mental é falar de direitos, de dignidade e de condições de trabalho decentes.

Em memória das vítimas e na defesa da vida, seguimos mobilizados. A vida não pode esperar!