Escrito por: CUT-RS

Cesta básica cai 4,10% em Porto Alegre, mas segue comprometendo renda do trabalhador

Mesmo com a queda em novembro, a cesta básica segue entre as mais caras do país e consome mais da metade do salário mínimo em Porto Alegre.

Agência Brasil

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgaram na última segunda-feira (8) os resultados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos referentes a novembro de 2025. Em Porto Alegre, a cesta registrou queda de 4,10%, fechando o mês em R$ 789,77, o quarto maior valor entre as capitais brasileiras.

Apesar da redução, o peso no bolso dos trabalhadores permanece elevado. Para adquirir os alimentos essenciais, um trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou cumprir 114 horas e 28 minutos de jornada, quase 15 dias de trabalho. O custo da cesta representa 56,25% do salário mínimo líquido, após o desconto previdenciário.

No acumulado do ano, a cesta básica porto-alegrense apresenta alta de 0,77% e, na comparação com novembro de 2024, o aumento é de 1,16%.

Entre as 27 capitais pesquisadas, a cesta básica diminuiu em 24, refletindo maior oferta de alimentos como arroz, tomate e leite. As maiores quedas ocorreram em Macapá (-5,28%), Porto Alegre (-4,10%), Maceió (-3,51%) Natal (-3,40%) e Palmas (-3,28%).

Já os maiores valores foram registrados em São Paulo (R$ 841,23), Florianópolis (R$ 800,68), Cuiabá (R$ 789,98) e Porto Alegre (R$ 789,77).

Os menores preços continuam concentrados no Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, como Aracaju (R$ 538,10), Maceió (R$ 571,47) e Natal (R$ 591,38). 

Principais quedas de preço em Porto Alegre

De acordo com o DIEESE, 10 dos 13 produtos que compõem a cesta tiveram redução em novembro. Os destaques foram do tomate (-27,39%), leite integral (-7,27%), arroz (-6,50%), manteiga (-3,51%), banana (-2,88%) e o feijão preto (-2,40%).

Ainda assim, produtos fundamentais registraram alta, como o óleo de soja (+1,51%), o pão francês (+0,73%) e a batata (+0,72%).

A pesquisa mostra que alimentos básicos seguem pressionados por fatores como exportações elevadas de carne, alta do café em pó e oscilações no mercado internacional de grãos e óleo.

Salário mínimo necessário deveria ser de R$ 7.067,18

Com base na cesta mais cara do país (São Paulo), o DIEESE calculou que o salário mínimo necessário para garantir alimentação, moradia, educação, saúde, lazer e transporte de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.067,18, ou seja, 4,66 vezes o valor do mínimo vigente (R$ 1.518,00).

Para a CUT-RS, os números reforçam a urgência de políticas de valorização do salário mínimo, controle de preços dos alimentos e fortalecimento da renda dos trabalhadores.

Inflação medida pelo INPC desacelera

O DIEESE também divulgou que a inflação oficial dos trabalhadores, medida pelo INPC/IBGE, acumulou 4,18% nos últimos 12 meses até a data-base de dezembro de 2025. Em novembro, a variação foi de apenas 0,03%, mostrando desaceleração importante após meses de alta por conta de combustíveis e alimentação.

A CUT-RS destaca que a redução pontual da cesta básica não resolve o problema estrutural da carestia, especialmente em um cenário onde metade do salário mínimo não cobre sequer a alimentação básica.