Escrito por: SindBancários

Cinedebate discute e resgata a história de 40 anos da Ocupação da Fazenda Annoni

Na ocasião, também ocorreu a abertura da Exposição Fotográfica do artista plástico e fotógrafo Eduardo Vieira da Cunha

O CineBancários promoveu, na noite da última quarta-feira, 22 de outubro, o cinedebate com o documentário “Terra para Rose”, da diretora Tetê Moraes, que mostra a luta por terra e pela reforma agrária no Brasil. O evento foi alusivo aos 40 anos da Ocupação da Fazenda Annoni, em Pontão, no norte do Rio Grande do Sul. Na ocasião, antes da exibição do filme, ocorreu a abertura da Exposição Fotográfica 40 anos de Ocupação da Fazenda Annoni e a Luta pela Terra, do artista plástico e fotógrafo Eduardo Vieira da Cunha.

Na abertura do evento, o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, destacou a importância da parceria entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o SindBancários. “O campo e a cidade precisam estar sempre dialogando, o fato de conseguirmos montar essas parcerias demonstra que estamos no rumo certo. Lançar essa exposição e fazer esse evento que abre uma semana de comemorações dos 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni é um motivo de muito orgulho para nós do SindBancários”, acrescentou.

Entre os presentes, também estava Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), a mais antiga organização de direitos humanos do Brasil, que relembrou momentos marcantes do MST e o trabalho realizado por Eduardo Vieira da Cunha nos acampamentos. “Faltou uma foto importante, a foto do Major Curió no acampamento, que é uma foto emblemática, pois mostra a reação da Ditadura frente ao movimento sem terra. Mostra como a Ditadura Militar reagiu, pois mandou seu repressor mor para liquidar o assunto do movimento sem terra”, afirmou.

Eduardo Vieira da Cunha relembrou o tempo em que esteve na sucursal Sul de O Globo, período em que teve a oportunidade de realizar a cobertura das ocupações. “Nós tínhamos uma independência muito grande do Rio (Rio de Janeiro), pois tinha uma linha editorial que o Globo não apoiava, mas era obrigado a dar. Nós tínhamos uma liberdade, e o Félix era muito engajado no movimento social, e me mandava para lá. Eu não gostava muito, mas quando eu descobri aquele movimento, foi uma revelação para mim”, salientou.

Após a abertura da exposição, o CineBancários realizou a exibição do documentário “Terra para Rose”, que conta os primeiros momentos vividos pelo MST no Rio Grande do Sul, na ocupação da Fazenda Annoni, em Pontão. O evento também contou com o debate sobre o documentário, que fez um resgate histórico sobre o movimento e trouxe momentos de emoção para os presentes.

A diretora Tetê Moraes falou para o público sobre os motivos que levaram a fazer o documentário. “Terra para Rose surgiu da minha vontade de falar sobre a participação das mulheres nos conflitos relativos à terra. O que presenciei foi algo diferente de tudo que já tinha visto, pois nunca havia presenciado uma reunião tão grande. Eram milhares de pessoas acampadas”, revelou.

Entre os presentes, estavam os filhos de Roseli Nunes (Rose), o primeiro bebê nascido em um acampamento, Marcos Tiaraju e Vanisa. Marcos, que ainda era muito bebê quando a mãe faleceu, comentou sobre a importância do MST nas lutas sociais. “O MST não é somente um movimento, mas uma organização. É um dos maiores, que hoje vai muito além da luta por terra, mas também é um movimento defensor do meio ambiente, da redemocratização, entre outras pautas sociais. O processo de luta ainda permanece”, enfatizou.

Também estiveram presentes dirigentes do SindBancários, representantes de entidades, movimentos sociais e sociedade civil.