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CUT-RS denuncia PL que criminaliza movimentos de luta por moradia em Porto Alegre

CUT também alerta para a omissão de Melo (MDB) diante da crise habitacional em Porto Alegre, pois enquanto milhares não tem casa, vereadores da base do governo querem punir quem luta por um direito fundamental.

Publicado: 11 Fevereiro, 2025 - 13h20 | Última modificação: 11 Fevereiro, 2025 - 14h08

Escrito por: Matheus Piccini

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A votação do projeto de lei que penaliza ocupantes de imóveis públicos e privados foi adiada por três sessões na Câmara Municipal de Porto Alegre. O texto, assinado pelas vereadoras Comandante Nádia (PL) e Fernanda Barth (PL), além de Jessé Sangalli (PL), estava previsto para ser analisado nesta segunda-feira (10), mas foi postergado a pedido da própria autora, sob pressão de movimentos sociais que lotaram as galerias da Câmara.

O projeto prevê severas punições para quem for condenado por ocupação de imóveis, incluindo a exclusão de programas habitacionais, benefícios sociais e concursos públicos por um período de cinco anos. A CUT-RS, movimentos sociais e parlamentares progressistas denunciam que a proposta visa criminalizar as famílias sem moradia e agravar ainda mais a crise habitacional na capital gaúcha.

Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, “trata-se de uma política de exclusão social que ignora o déficit habitacional crescente e a negligência do poder público em oferecer alternativas dignas para a população vulnerável”. 

Segundo Cenira Vargas, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, muitas famílias atingidas pelas enchentes foram forçadas a ocupar prédios abandonados porque a prefeitura não lhes ofereceu suporte adequado. “Se tirarem tudo o que essas famílias recebem e ainda expulsá-las de onde moram, para onde elas irão?” questiona.

Douglas, dirigente da União Nacional por Moradia Popular no estado, também criticou a postura da base governista e do prefeito Sebastião Melo. Segundo ele, a gestão municipal não apenas negligencia os mais pobres, mas busca criminalizar sua luta. “Essa é uma política de perseguição. Em quatro anos, Porto Alegre construiu apenas três moradias e nenhuma delas foi fruto de uma política habitacional séria”, denuncia.

A oposição na Câmara Municipal também se manifestou contra o projeto. Para a vereadora Natasha Ferreira (PT), líder da bancada petista, a proposta é inconstitucional e uma tentativa de criminalizar a luta por moradia digna. “Ainda querem piorar a situação com uma emenda do partido de Bolsonaro que equipara ocupação e invasão, prevendo multas e até cadeia. Vamos resistir no plenário e, se necessário, na justiça”, afirmou.

A CUT-RS reforça que a habitação é um direito fundamental e que penalizar famílias vulneráveis não resolve a crise. Em vez de criminalizar a pobreza, a entidade defende o investimento público em moradias populares e a utilização de imóveis ociosos para atender a demanda social. Como aponta o vereador Jonas Reis (PT), Porto Alegre possui 112 mil imóveis vazios que poderiam ser utilizados para habitação de interesse social.

A votação do projeto foi adiada, mas os movimentos sociais prometem seguir mobilizados para barrar essa iniciativa que ataca diretamente os direitos das pessoas sem moradia. A CUT-RS seguirá na linha de frente na defesa de políticas públicas que garantam dignidade para todos os trabalhadores e trabalhadoras, reforçando seu compromisso com a justiça social e o direito à cidade.