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CUT-RS participa de grande debate sindical pela redução da jornada de trabalho

Publicado: 04 Agosto, 2025 - 15h18 | Última modificação: 04 Agosto, 2025 - 15h34

Escrito por: Matheus Piccini/CUT-RS

Matheus Piccini/CUT-RS
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Na manhã desta segunda-feira (4/8), o movimento sindical gaúcho protagonizou uma grande plenária unificada no Auditório da AIAMU, em Porto Alegre, para defender duas bandeiras históricas da classe trabalhadora: a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e o fim da escala 6x1. A atividade, proposta pela deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) e pelo senador Paulo Paim (PT-RS), reuniu a CUT-RS, todas as centrais sindicais, centenas de dirigentes, representantes do Judiciário, economistas, pesquisadores e lideranças políticas.

A CUT-RS marcou presença ativa, reforçando seu protagonismo na luta por melhores condições de vida e trabalho para a classe trabalhadora. Em sua fala o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, lembrou que essa luta está diretamente conectada à soberania nacional e à reconstrução de um país mais justo.

“Defender empregos, trabalho decente, a economia e a vida de um país depende do que a classe trabalhadora faz ou deixa de fazer. A redução da jornada e o fim da escala 6x1 são bandeiras fundamentais para garantir tempo de vida, dignidade e resistência contra um modelo que ainda explora e adoece nossa gente”, afirmou Amarildo.

A jornada como questão civilizatória

Representando o DIEESE, Anelise Manganelli alertou sobre os retrocessos trazidos pela reforma trabalhista e a necessidade de regulamentar mecanismos como o banco de horas, que, mal utilizados, anulam os ganhos de uma eventual redução da jornada. Ela também destacou que a produtividade no Brasil cresceu sem que os trabalhadores fossem beneficiados com tempo livre ou remuneração justa.

“A vida não tem hora extra. Precisamos falar de tempo como um bem precioso. Um país que avança é aquele que distribui não só renda, mas também tempo de qualidade para o povo viver, cuidar da família e sonhar”, defendeu.

Sociedade exausta, povo explorado

O assessor especial do governo federal, Lucas Monteiro, representando a Ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, Gleisi Hoffmann, lembrou que a atual jornada imposta à classe trabalhadora é desumana.

“Vivemos uma sociedade marcada por jornadas análogas à escravidão. Isso fere não só os direitos trabalhistas, mas a própria ideia de dignidade humana. A redução da jornada é uma questão de justiça social e civilizatória.”

Ele reforçou que pesquisas recentes apontam que mais de 70% da população apoia a redução da jornada, mas essa vontade popular ainda não encontra eco no Congresso Nacional.

Diversidade e tempo para sonhar

Em sua fala emocionada, a deputada Daiana Santos (PCdoB) apontou que a redução da jornada é também uma pauta da diversidade e da inclusão.

“Estamos falando de homens e mulheres, negras e negros, LGBTs, jovens, pessoas que não têm tempo para estudar, cuidar da saúde ou ver os filhos crescerem. Reduzir a jornada é permitir que esses sonhos não sejam interrompidos.”

Uma luta histórica, que vem de longe

O senador Paulo Paim destacou o caráter histórico da luta pela jornada de trabalho no Brasil.

“Essa não é uma luta de hoje. Desde os anos 30, a classe trabalhadora tem batalhado pela jornada justa. Foi a pressão dos sindicatos que garantiu as 44 horas. Agora, chegou a hora de avançar novamente”, disse.

Ele também saudou a unidade das centrais e reforçou que a luta por direitos está no DNA do movimento sindical, que elegeu Lula presidente e continua sendo uma força fundamental para o país.

Ao final da plenária, a CUT-RS e as centrais sindicais entregaram à deputada Daiana Santos e ao senador Paulo Paim uma nota conjunta reforçando a pauta da redução da jornada de trabalho sem redução de salários e do fim da escala 6x1. No documento, as entidades defendem que essa agenda é fundamental para o combate ao desemprego, à precarização e ao adoecimento da classe trabalhadora, além de representar um passo importante na redistribuição do tempo de vida e da riqueza no Brasil. A nota destaca que o debate sobre o tempo de trabalho é também um debate sobre justiça social e desenvolvimento sustentável, e convoca o Parlamento a ouvir o clamor das ruas e aprovar as mudanças necessárias.