CUT-RS reforça luta por direitos dos aposentados no Encontro Nacional da CNTE
Mais de 200 trabalhadores(as) da educação de todo o país se reuniram em Bento Gonçalves para discutir os desafios da aposentadoria e a luta contra os ataques à Previdência.
Publicado: 12 Fevereiro, 2025 - 14h50 | Última modificação: 12 Fevereiro, 2025 - 14h56
Escrito por: CPERS | Editado por: Matheus Piccini

Na manhã da última terça-feira (11), a décima primeira edição do Encontro Nacional de Aposentadas(os) da CNTE iniciou seus trabalhos de formação e mobilização de trabalhadoras(es) da educação de todo país, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. O evento congrega professoras(es) e funcionárias(es) de escola que dedicaram suas vidas ao ensino público com palestras, atividades culturais e debates de conjuntura.
Cerca de 200 representantes de diferentes entidades chegaram à cidade serrana ainda na noite de segunda-feira (10) e foram recepcionadas(os) com um jantar de boas-vindas no Dall’Onder Grande Hotel, onde ocorre o Encontro, pelo dirigente da Secretaria de Aposentados e Assuntos Previdenciários da Confederação, Sérgio Antônio Kumpfer. “Nós estamos vivendo em um país que envelhece, no qual a pirâmide etária está abrindo-se em direção ao topo, e isso exige organização social. Aposentados sim, inativos nunca, educadores e lutadores sempre!”, saudou o secretário.
A abertura do primeiro dia de programação ficou por conta do Coral do 12º Núcleo do CPERS/Sindicato (Bento Gonçalves) do CPERS, conduzido pela maestra Camila Farina. Os músicos entoaram canções como Anunciação, de Alceu Valença, e Bella Ciao, símbolo da resistência contra o fascismo italiano, além de uma composição própria, intitulada “Hino ao Rio Grande”.
Na sequência, sindicalistas das instituições filiadas à CNTE apontaram os obstáculos à dignidade diante da Reforma da Previdência, que instaurou confisco no salário dos aposentadas(os), e do governo de Eduardo Leite (PSDB) no RS, que ataca direitos trabalhistas e resiste à suspensão das aulas em meio ao calor extremo.
Integraram a mesa de discussão as secretárias executivas da CNTE, Cátia Almeida e Paulina Almeida, a secretária de finanças, Rosilene Correa, a secretária de organização, Marilda Abreu, o secretário de Assuntos Jurídicos, Edson Garcia, a presidente do CPERS, Rosane Zan, o 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, a secretária-geral da CUT/RS, Silvana Piroli e a dirigente do APMI Sindicato, Márcia Tomm.
Amarildo destacou a gravidade da situação enfrentada pelos servidores aposentados, que sofrem reduções de renda justamente no momento em que mais necessitam de estabilidade financeira. “Há uma expectativa de que o Supremo Tribunal Federal confirme que não é legal, não é constitucional o desconto que tem sido feito aos aposentados e, com isso, a gente recupere a nível nacional essa dignidade. Quero saudar a CNTE pela iniciativa, trabalhadores e trabalhadoras de todos os estados da federação e a CUT sempre presente, juntos. Acho que isso serve de exemplo. É um debate muito importante que interessa muito a essa população que cresce no nosso país e que é fundamental na construção do nosso presente e futuro”, afirmou.
Mais tarde, o doutor em Psicologia Social, Pedrinho Guareschi, apresentou o painel “Realidade brasileira na perspectiva de Paulo Freire” e tratou sobre as desigualdades fundantes do capitalismo e a monetização da informação, perpetuada pelas grandes empresas de tecnologia. A esse contexto, o especialista deu o nome de tecnofeudalismo e incentivou que os educadoras(es) questionem o monopólio dos poderosos e ajam motivadas(os) pela utopia de um mundo melhor. “Só muda, quem pensa. A consciência é a única garantia de termos liberdade. Consciência crítica é a chave para sermos livres, como ensinou Freire”, sublinhou.
Após o almoço, foi a vez da deputada federal Denise Pessoa (PT/RS) e do secretário da Pessoa Idosa, Pensionistas e Aposentados da CUT, Ari do Nascimento, comandarem a atividade “Os desafios previdenciários para o Movimento Sindical e para o Congresso”. Segundo Ari, é de suma importância que todas(os), inclusive servidoras(es) da ativa, se engajem nas reivindicações dos mais velhos. “Muitos acham que a Previdência Social é coisa de aposentado, mas a Previdência Social é também quando a trabalhadora fica grávida e quando o trabalhador adoece”, explicou.
Na Câmara dos Deputados, em Brasília, avançar nas pautas de interesse dos trabalhadoras(es) tem sido dramático, de acordo com Denise. A parlamentar informou a respeito de projetos que estão parados no Congresso Nacional, como a PEC 06, que acaba com o Desconto Previdenciário, e da necessidade de aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE). “Somente 115 dos 513 deputados são da base do governo, então os bolsonaristas seguem articulados. É nas ruas, nas mobilizações e na luta que a gente vai conseguir vitória, não vai ser com a consciência dos políticos”, afirmou.
Nesta quarta-feira (12), o Encontro Nacional de Aposentados(as) da CNTE dará continuidade ao seu roteiro de debates e confraternizações. A Carta de Bento, que irá traçar os rumos da luta dos próximos anos, será elaborada e divulgada ainda hoje (12).