Escrito por: Sintrajufe-RS

Governo Trump está fazendo prisões de acordo com o sotaque

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulga nota sobre prisão de 475 trabalhadores coreanos nos Estados Unidos

Na última quinta-feira, 4, uma operação das autoridades de imigração dos Estados Unidos prendeu quase 500 trabalhadores metalúrgicos no estado da Geórgia. A maioria era de sul-coreanos, em mais um passo da escalada do governo de Donald Trump contra países e cidadãos estrangeiros. Agora, o governo está realizando a detenção de pessoas que falem inglês com sotaque ou espanhol.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em uma ação de solidariedade internacional, divulgou nota posicionando-se sobre o caso dos trabalhadores sul-coreanos. A entidade manifestou repúdio à operação e destacou que esse tipo de ação é “politicamente motivada” e “busca aterrorizar homens e mulheres que trabalham duro para sobreviver, que impulsionam a economia e que contribuem diariamente para as comunidades em que vivem”. Veja abaixo a nota completa:Nota oficial – Solidariedade aos trabalhadores na Hyundai (EUA)

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC manifesta seu mais profundo repúdio à operação realizada pelas autoridades de imigração dos Estados Unidos, que prendeu 475 trabalhadores em uma fábrica de baterias da Hyundai, no estado da Geórgia, na noite desta quinta-feira (4).

Trata-se de uma ação de intimidação politicamente motivada, que busca aterrorizar homens e mulheres que trabalham duro para sobreviver, que impulsionam a economia e que contribuem diariamente para as comunidades em que vivem.

Reafirmamos que essa prática é expressão do imperialismo norte-americano e de sua política de perseguição aos imigrantes e trabalhadores organizados. Criminalizar quem vive do trabalho é um ataque direto aos direitos humanos, à democracia e à classe trabalhadora internacional.

Como entidade representativa dos metalúrgicos e metalúrgicas, reafirmamos nossa solidariedade a todos os trabalhadores atingidos e nossa disposição permanente de lutar contra qualquer forma de exploração, opressão e criminalização da luta.

Trump quer deter imigrantes que falem inglês com sotaque ou espanhol; Suprema Corte libera medida

Nesta semana, a Suprema Corte dos Estados Unidos liberou o governo Trump a seguir fazendo prisões de imigrantes com base em sua raça ou idioma – ou, ainda, no sotaque. Em julho, um tribunal proibiu esse tipo de detenção. Porém, as medidas foram novamente liberadas.

A ação que contesta as detenções com base em raça ou idioma foi movida, de forma coletiva, por um grupo de latinos pegos em batidas do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), incluindo alguns cidadãos americanos. Um dos demandantes, Jason Gavidia, alega que os agentes o agrediram após não acreditarem que ele era cidadão americano e exigirem saber o nome do hospital onde ele nasceu. “Indivíduos de pele morena são abordados ou afastados por agentes federais não identificados, de repente e com uma demonstração de força, e obrigados a responder perguntas sobre quem são e de onde vêm”, afirma o processo.

“Caça às bruxas” lá ou aqui?

A escalada dos ataques do governo a imigrantes vem na mesma toada das medidas de Trump contra outros países. Taxações e represálias têm sido tomadas contra diversas nações, inclusive contra o Brasil. No início do mês, Trump impôs ao Brasil um tarifaço, com a taxação em 50% de diversos produtos brasileiros. Conforme declarações do próprio presidente dos EUA e de seus assessores, o tarifaço tem como objetivo intervir no julgamento em que um dos réus é Jair Bolsonaro (PL), por tentativa de golpe de Estado, em uma clara tentativa de ingerência estrangeira na política e no Judiciário brasileiros. Trump chegou a chamar o julgamento de “caça às bruxas”, embora também diga que a taxação tem a ver com um suposto – e inexistente – déficit comercial dos EUA com o Brasil. Conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o tarifaço pode atingir 700 mil empregos e gerar um impacto negativo de 0,35% no Produto Interno Bruto (PIB). Há, portanto, ameaça direta aos trabalhadores e às trabalhadoras.

No último domingo, 7 de setembro, Dia da Independência, movimentos sociais, centrais sindicais e sindicatos saíram às ruas em diversas partes do Brasil para defender a soberania nacional e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Em Porto Alegre, o Sintrajufe/RS participou do ato, realizado no Largo dos Açorianos, com uma faixa com os dizeres “Soberania, democracia e direitos – Cadeia para golpistas civis e militares! Sem anistia! – Contra a tentativa de interferência de Trump no Judiciário brasileiro”.

Com informações do G1