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Lucros e dividendos bateram R$ 1 trilhão em 2023; CUT-RS é contra juros altos

Central reforça luta contra juros altos e defende taxação dos super-ricos

Publicado: 22 Maio, 2025 - 13h36

Escrito por: CUT-RS

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Enquanto a maioria da população brasileira segue sofrendo com os juros altos, a elite financeira do país comemora lucros recordes. Em matéria publicada pela Folha de São Paulo, um levantamento técnico do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que os rendimentos com lucros e dividendos distribuídos por empresas atingiram quase R$ 1 trilhão em 2023, e quase metade desse valor (47%) ficou nas mãos de apenas 160 mil pessoas, o que representa 0,1% mais rico da população.

A CUT-RS denuncia esse cenário de profunda desigualdade social, alimentado por uma política econômica que privilegia os interesses do rentismo e dos super-ricos. A Central tem realizado diversas manifestações e mobilizações contra a alta taxa de juros do Banco Central, que freia o crescimento econômico, encarece o crédito, destrói empregos e amplia o abismo social.

Segundo o estudo do Ipea, os rendimentos com lucros e dividendos subiram de R$ 870 bilhões em 2022 para R$ 999 bilhões em 2023, um aumento de R$ 129 bilhões em apenas um ano. Esses rendimentos são isentos de imposto de renda, o que reforça a injustiça do sistema tributário brasileiro, onde os mais pobres pagam muito mais impostos do que os milionários.

“Essa isenção é um escândalo em um país onde a maioria da população vive com salários apertados, sem acesso a serviços públicos de qualidade, e paga tributos até no pãozinho de cada dia. É preciso taxar os lucros e dividendos dos mais ricos, como já se faz em vários países do mundo”, afirma Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS.

Reforma tributária precisa ser justa

A proposta de reforma do Imposto de Renda enviada pelo governo ao Congresso inclui a criação de uma alíquota mínima de 10% para rendas anuais acima de R$ 600 mil (R$ 50 mil mensais), além da tributação de dividendos enviados ao exterior. No entanto, há resistências dentro da Câmara dos Deputados.

De acordo com estimativas da Receita Federal, mais de 90% da arrecadação com o novo imposto viria de pessoas que ganham acima de R$ 1,2 milhão por ano. Mesmo assim, quase metade desse grupo ainda ficaria de fora da nova cobrança por já recolher o equivalente à alíquota mínima.

A CUT-RS alerta que qualquer reforma tributária só terá legitimidade se for progressiva, ou seja, se cobrar mais de quem ganha mais. Também é fundamental acabar com os privilégios fiscais que beneficiam rentistas, bancos e grandes corporações, que seguem acumulando fortunas enquanto a maioria da população sobrevive com salários baixos e sem renda.

Alta dos fundos financeiros também favorece os ricos

Além dos dividendos, houve também um salto nos rendimentos de aplicações financeiras, que passaram de R$ 133,7 bilhões para R$ 399,7 bilhões entre 2022 e 2023. O motivo foi uma mudança na legislação que passou a tributar os chamados fundos “offshore” e fechados, utilizados por investidores de altíssima renda para aplicar dinheiro no exterior e evitar o fisco.

Essa mudança é positiva, mas ainda insuficiente. A CUT-RS defende uma ampla reforma que combata os paraísos fiscais, tribute grandes fortunas e desonere o consumo e a renda dos trabalhadores assalariados  e das pequenas empresas. O Brasil só tem a ganhar com uma reforma tributária justa.

 “Não é possível que o Brasil continue sendo um paraíso para os milionários e um inferno tributário para os trabalhadores. A política de juros altos e isenção para os ricos é uma escolha política, e nós vamos continuar lutando nas ruas e no Congresso por um sistema mais justo e solidário”, conclui Amarildo Cenci.

A CUT-RS segue mobilizada por uma economia a serviço do povo, com geração de empregos, distribuição de renda, investimentos públicos e justiça fiscal. Basta de injustiça, por um Brasil mais igual!