Escrito por: CUT-RS

Moradores em situação de rua aumentam 55% em Porto Alegre, diz relatório

Sul21 - Dados disponibilizados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apontam que ao menos 3.189 pessoas viviam em situação de rua em Porto Alegre no ano de 2022, o que representa 0,24% da população. Já no Rio Grande do Sul, o número de pessoas nesta situação era de 10.877, 0,10% do total.

Os dados foram disponibilizados no relatório “População em situação de rua: diagnóstico com base nos dados e informações disponíveis em registro administrativo e sistemas do governo federal”, indicando o número de pessoas em situação de rua identificadas pelo Cadastro Único do governo federal.

Levantamento realizado pelo Sul21, a partir da base de dados, aponta que a população em situação de rua de Porto Alegre identificada pelo Cadastro Único em dezembro de 2022, 3.189 pessoas, era 55% maior em relação a dezembro de 2021, quando era calculada em 2.048.

Este também é o maior contingente da série histórica, iniciada em 2015 (ver imagem abaixo). Segundo a base de dados, a população de rua em Porto Alegre representa 0,24% do total de moradores da cidade — 1.332.570.

Do total, 1.848 (58%) disseram dormir na rua, 1.225 (38%), em albergue, 272 (8%), em outro local e, 206 (6%), em domicílio particular. Com relação a atendimento, apenas 342 (10%) disseram não ter nenhum tipo de atendimento nos seis meses anteriores à última atualização do Cadastro Único, seja de órgãos e instituições governamentais ou não governamentais.

Mais da metade nasceram em Porto Alegre

Mais da metade desta população é formada por pessoas que nasceram em Porto Alegre, 1.839 (57%), enquanto 1.284 (40%) são oriundos de outros municípios. O número de estrangeiros nesta situação é de 62 (1,9%), sendo 32 deles venezuelanos e 10 uruguaios.

Questionados sobre há quanto tempo viviam na rua no momento em que atualizaram o Cadastro Único, 801 (25%) responderam até seis meses, 396 (12%), entre seis meses e um ano, 403 (12%), entre um e dois anos, 526 (16%), entre dois e cinco anos, 416 (13%), entre cinco e dez anos e, 647 (20%), há mais de dez anos.

Vale destacar que os dados incluem apenas as pessoas em situação de rua que procuraram os serviços de atendimento ao longo dos últimos anos na Capital, passando a ter seus dados registrados no Cadastro Único. Neste sentido, podem incluir tanto um aumento da população, como o aumento na procura pelos serviços.

O relatório foi produzido para atender uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que recomenda a elaboração de um diagnóstico da população em situação de rua, convergindo nas diversas atividades a serem desenvolvidas dentro da Política Nacional para a População em Situação de Rua.

Gênero e raça

Na divisão por gênero das pessoas identificadas como em situação de rua, 2.764 (88,67%) são homens e, 425 (13,33%), mulheres. A maior parte delas, 2.431 (76%), se encontra na faixa entre 30 a 59 anos, mas também foram identificadas 27 crianças e 34 adolescentes em situação de rua. Além disso, sete pessoas acima de 80 anos vivem na rua na Capital, de acordo com o levantamento.

 

Em termos raça e cor, 1.606 (50%) se identificam como brancos, 808 (25%) como negros, 733 (23%) como pardos, 31 (0,97%) como indígenas e 9 (0,28%) como amarelos. Os dados indicam que o número de pessoas negras e pardas vivendo na rua é desproporcional à população do Estado, uma vez que, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, 79% dos moradores do Estado se declaravam brancos e 21% negros em 2019.

Situação de vida

Entre os motivos para passar a morar na rua — podendo ser mais de um –, 1.531 (48%) atribuíram a problemas familiares, 1.085 (34%) ao desemprego, 971 (30%) à perda da moradia, 927 (29%) por problemas relacionados a alcoolismo e uso de drogas.

Em relação ao contato com familiares que não vivem na rua, 1.316 (41%) disseram nunca manter o contato, 542 (17%) mantêm contato todos os meses, 528 (16%), quase nunca, 454 (14%), toda semana, 184 (5%), todo dia e, 165 (5%), todo ano. Além disso, 2.960 (93%) disseram não viver com a família na rua, enquanto 229 (7%) disseram viver em família.

Entre os que responderam ter alguma condição de saúde que necessita de acompanhamento permanente, 607 disseram ter deficiência física, 185 baixa visão, 160 transtorno mental, 106 deficiência mental ou intelectual.

 

Foto: Guilherme Santos / Sul21

 

Fonte: Luís Gomes / Sul21