Escrito por: CUT-RS
No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, os brasileiros lembram os 317 anos da morte de Zumbi de Palmares e em todo o país acontecem atividades alusivas à Semana da Consciência Negra.A data do Dia da Consciência surgiu em 1978, quando ativistas negros reunidos em congresso do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, sob o comando de Oliveira Silveira, poeta gaucho falecido em 2011, cunharam o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. Apenas sete anos antes, em 1971, havia sido foi revelada à população, a data da morte do assassinato de Zumbi, um dos ícones da República dos Palmares.O secretário pela Igualdade Racial da Central, Manoel Nascimento, acredita que a data nos remete a refletir e elaborar estratégias para as lutas de combate ao racismo. “A situação dos negros até hoje é precária e para mudar essa realidade tem que ter conscientização, sensibilização e participação da sociedade”, acredita.Marcha de Zumbi dos PalmaresTodos os anos, a CUT/RS participa e apóia a Marcha Estadual Zumbi dos Palmares, realizada no dia 20, nas ruas centrais de Porto Alegre. O objetivo é dar visibilidade a pautas da luta anti-racista, equidade, diversidade, pois o povo negro está sendo atacado e assediado constantemente. As notícias, fatos e as estatísticas, exemplificam essas condições.Este ano, três eixos norteiam o ato: contra a violência praticada às mulheres e meninas negras; contra o genocídio da juventude negra e contra a retirada de direitos dos Territórios Quilombolas.De acordo com o secretário, a participação da entidade na Marcha é fundamental para que os avanços necessários nesta área. “Sempre fomos parceiros dos movimentos sociais e na Marcha Zumbi, não seria diferente. Porém, sabemos que temos muito a avançar e até mesmo na CUT. Por isso, a Central conta com a secretária especifica para o tema”, disse.O dirigente acredita que o fato da história sempre ter mascarado acontecimentos ligados aos negros gerou um racismo institucional, que presenciamos combater nos dias atuais. “Contar história de um povo é dar orgulho ao individuo de sua cultura, abrir os seus olhos para evoluir e fomos privados disso”, destacou.Há quase 10 anos, foi aprovada a Lei nº 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio de todo o país, porém até hoje o seu cumprimento é pífio, quase imperceptível.A adoção das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico Raciais dessa disciplina pelas escolas brasileiras significa uma mudança não só nas práticas e nas políticas pedagógicas, mas também no resgate histórico brasileiro no que diz respeito ao segmento negro da população.Mercado de trabalhoO mercado de trabalho ainda é um dos setores com maior desigualdade para os negros. De acordo com informações captadas pela pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA), em 2010 e 2011, a taxa de participação no mercado de trabalho da população negra apresentou uma pequena variação positiva ao passar de 56,3% em 2010 para 57,0% em 2011.Para a população não-negra o período analisado mostra um comportamento contrário, ou seja, uma leve variação negativa da taxa de participação, que passou de 57,9% em 2010 para 57,1% em 2011. Por menores que sejam os números, ainda representa um percentual bastante grande para uma sociedade que almeja igualdade.Outro dado apresentado foi que desemprego recuou, mas menos intensamente para os negros. O documento explica que as mulheres negras continuam apresentando maior dificuldade de inserção produtiva, evidenciada pela taxa de desemprego recorrentemente maior não só em relação à masculina, mas também em relação às mulheres não-negras.Porém, apesar desses dados, a diferença entre as taxas de desemprego entre negros e não negros diminuiu nos últimos anos, embora a do primeiro segmento ainda supere a do segundo, em 2011 (12,2% e 9,6%, respectivamente). Essa diferença, de 2,6 pontos percentuais, correspondia a 7,2 pontos percentuais, em 2002.Nascimento defende que para mudar a realidade, seja em relação ao mundo do trabalho ou ao ensino nas escolas é preciso muita pesquisa e ação direta sobre as políticas públicas em qualquer esfera.Quem foi ZumbiZumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por negros escravos fugitivos das fazendas, índios e brancos contrários ao regime.O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. É considerado por muitos historiadores, como a primeira Democracia do mundo moderno. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra. São mais de 200 municípios do país que já decretam feriado neste dia. A luta do povo negro é a decretação do feriado Nacional da Consciência Negra.Por: Renata Machado, com informações do SindBancários