Escrito por: Matheus Piccini

Seminário marca reforço na luta pela reinstalação das Comissões do Benzeno

Trabalhadores se reuniram no SindipoloRS para reivindicar a reinstalação das Comissões do Benzeno e aumentar a proteção contra produtos químicos tóxicos

Na manhã desta terça-feira (17), o SindipoloRS sediou um importante Seminário Preparatório para a Reinstalação das Comissões do Benzeno. Organizado pelo Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador, o evento reuniu cerca de 10 sindicatos de diversos setores, como químicos, metalúrgicos, petroquímicos, aeroviários e alimentação. O objetivo principal foi discutir a retomada das comissões nacionais do benzeno e reforçar a luta pela proteção dos trabalhadores expostos a essa substância tóxica.

O perigo do benzeno

O benzeno é conhecido por seus efeitos devastadores à saúde, incluindo a predisposição a leucemia e outras doenças graves. No entanto, as recentes alterações na Norma Regulamentadora 15 (NR-15) e a extinção da Comissão Nacional do Benzeno durante o governo Bolsonaro tem preocupado especialistas e representantes sindicais. A flexibilização dos limites de exposição e a falta de um órgão especializado para regulamentar e monitorar a segurança no manuseio do benzeno levaram a um cenário alarmante para a saúde dos trabalhadores.

O Seminário e a reação dos trabalhadores

Durante o seminário, líderes sindicais e representantes de diversos setores expressaram sua indignação e preocupações em relação às mudanças regulatórias e ao impacto que tiveram na vida dos trabalhadores.

Alfredo Gonçalves, secretário de organização e política sindical da CUT-RS, destacou a urgência de reinstalar a Comissão Nacional do Benzeno. “É extremamente importante para os trabalhadores que estão diretamente expostos ao benzeno e outros produtos químicos. Queremos a retomada da comissão nacional do benzeno. É essencial que debatemos este assunto nos locais de trabalho e que estabeleçamos uma tolerância zero para o benzeno”, afirmou Gonçalves. Ele acrescentou que a flexibilização das regulamentações no governo Bolsonaro permitiu a liberação de diversos produtos químicos, tornando difícil para os trabalhadores identificarem os riscos a que estão expostos.

Ivonei Arnt, presidente do SindipoloRS, explicou que o seminário visa “ampliar o debate e juntar dados com a base científica”. O objetivo é fortalecer a discussão sobre os limites de exposição ao benzeno e reunir informações que possam ser usadas para pressionar por mudanças regulatórias que garantam a segurança dos trabalhadores.

Gerson Cardoso, secretário de Relações Institucionais do SindipoloRS, enfatizou a importância do debate em torno da NR-15 e das alterações propostas. “Esse seminário serve para nos provocar e entender melhor as implicações de um limite de exposição ao benzeno. A nossa posição é que não deve haver limite de tolerância para o benzeno, ao contrário das propostas da patronal e técnicos do governo que sugerem um Limite de Exposição Ocupacional (LEO)”, explicou Cardoso. Ele destacou que o debate público é uma oportunidade para mobilizar diversas categorias de trabalhadores e obter opiniões técnicas de cientistas e pesquisadores. O objetivo é confrontar as propostas atuais e garantir que as alterações nas Normas Reguladoras tragam mais segurança para os trabalhadores.

Cardoso também mencionou que o debate sobre as regulamentações continuará em eventos futuros, como o programado para o dia 20 na Fundacentro e o dia 9 de outubro na Fiocruz. “Queremos garantir que, quando as alterações forem discutidas pela Comissão Tripartite Paritária e Permanente (CTPP), elas tragam melhorias reais na segurança dos trabalhadores”, concluiu Cardoso.

Enquanto isso, a mobilização dos sindicatos e a pressão contínua por regulamentações mais rígidas permanecem essenciais para garantir que a proteção dos trabalhadores seja colocada em primeiro lugar. A luta pela saúde e segurança no trabalho continua, e a reinstalação das comissões do benzeno representa uma etapa crucial nessa jornada.