Os 92 anos de história e luta do SindBancários Porto Alegre e Região, completados neste sábado (18/1), foram comemorados com evento cultural promovido na Casa dos Bancários nesta quinta-feira (16). A celebração contou com a presença de dezenas de bancários, dirigentes sindicais, autoridades e outras pessoas ligadas à entidade.
No início da atividade o grupo Caixa de Pandora, formado por bancários, apresentou uma esquete da peça "Banco não dá bom dia", baseada no livro de mesmo nome escrito por alunos da Oficina de Criação Literária do Sindicato, ministrada pelo escritor Alcy Cheuiche. Após, ocorreu o lançamento do segundo volume do livro, continuação do anterior, com o título “Banco não dá bom dia – SindBancários: 92 anos de lutas”, que aborda a trajetória da entidade. Os alunos da oficina, autores do livro, receberam certificados de participação.
Cheuiche falou sobre o processo de escrita da obra e o atual cenário social, em que, segundo ele, a imprensa é dominada pelo capital e, portanto, cada vez mais a verdade se encontra nos livros. “Estou extremamente emocionado e a emoção é a essência da arte, é a essência da vida. Vivemos um período com tantas contradições, tantas dificuldades, mas também com tantas vitórias, com tantas esperanças”. Em seguida, ele leu o texto que escreveu para a orelha do livro.
Também discursaram no evento dirigentes do SindBancários, da Fetrafi-RS e da CUT-RS, que parabenizaram o Sindicato pelo aniversário e salientaram as diversas frentes de luta das quais a entidade foi protagonista nesses 92 anos de atuação. Eles também fizeram referência a importantes nomes da história da entidade, como Olívio Dutra, ex-presidente, que dá nome ao auditório onde ocorreu a cerimônia.
Envolvido com o Sindicato há 40 anos, o diretor Mauro Salles, que também é secretário de Saúde da Contraf-CUT, comentou sobre diversos momentos históricos que participou, como a resistência na Ditadura Militar, quando foi detido enquanto fazia colagem de cartazes junto a Olívio. Ele falou ainda sobre a vanguarda da entidade nas lutas sociais e o papel da cultura para mobilizar as pessoas. “A cultura é essencial pra enfrentar esses tempos estranhos que estamos passando, assim como o resgate da memória, que tentam apagar. Precisamos conseguir afetar os trabalhadores nas questões positivas e desafetar na questão do medo, da insegurança. A melhor forma de trabalhar essa linguagem é a cultura, pois o teatro e o cinema permitem isso. As pessoas estão sem esperança, por isso temos que resgatar o sentido da luta coletiva. E o Sindicato deve servir como instrumento pra colocar as pessoas em movimento e enfrentar os desafios futuros”, defendeu.
"Bendito seja o trabalhador que tem a coragem de fazer arte", proferiu o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, repetindo sua frase no evento de lançamento do projeto do Teatro Bancários RS, ao comentar que a vida além do trabalho precisa ser conquistada a cada dia. Ele também apontou os desafios diante do contexto social e político, com eleições para os governos estadual e federal em 2026. “Acabamos de superar 2024, que talvez tenha sido um dos anos mais difíceis da história recente, e superamos pela luta coletiva, pela unidade e pela crença num mundo melhor. Se comemoramos os 92 anos de uma entidade sindical, com a paixão de quem gosta genuinamente de estar aqui, é porque acreditamos num mundo melhor. E é nesse espírito que queremos olhar pra 2025, enfrentá-lo e superá-lo, e superar 2026, superar os desafios coletivamente, rumo ao socialismo, a uma sociedade que seja boa pra todos nós”, ressaltou.
Diretora da Fetrafi-RS e secretária-geral do Sindicato, Sabrina Muniz destacou a importância da participação da categoria na trajetória da entidade. “Que beleza são essas pessoas que acreditam na luta coletiva, que acreditam na história do Sindicato. A gente comemorar os 92 anos numa noite recheada de cultura, e cultura que conta também a nossa história, é muito belo. Quando a gente tem essa costura entre a cultura, a vida além do trabalho e traz um significado e a nossa leitura da história, mostra a força da nossa coletividade. Só a luta coletiva, nós unidos aqui em diversos tipos de atividades, seja pela cultura, pelo esporte, na luta por melhores condições de trabalho e por direitos para os colegas é que faz dar certo”, disse.
O relevante papel do SindBancários como um espaço de resistência cultural, promovendo atividades de música, teatro, dança, além do cinema, com o CineBancários, foi destacado pelo diretor do Sindicato e vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis. “A arte, a cultura criam consciência, além de melhorar nossa vida, nos deixar mais leves. Todos os livros da oficina literária são ótimos e este é maravilhoso. Quero desejar vida longa ao Sindicato e que a gente tenha mais 92 anos de conquistas pra que a entidade e a categoria sigam sendo referência de luta, resistência, cultura e amor à vida”, falou.
Diretora de Juventude e Gênero do Sindicato, Claudia Stella Resende reforçou o protagonismo da entidade na defesa da democracia. "Passamos recentemente por várias situações de ataque à democracia, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a prisão do presidente Lula e os últimos atos antidemocráticos. E o SindBancários é um bastião da democracia, da luta e da resistência, e é uma honra muito grande fazer parte da entidade", afirmou.
A força da entidade nas lutas da sociedade foi ressaltada pelo diretor financeiro do SindBancários e diretor da CUT-RS, Tiago Vasconcellos Pedroso. “Muitas coisas se construíram aqui. Nas lutas de todos os movimentos sociais importantes o Sindicato está presente e se depender da gente vai continuar. Mas essa luta é de todos, é da classe trabalhadora. E nós temos muitos desafios pela frente. Hoje a juventude já sente os impactos das reformas trabalhista e previdenciária. Por isso, o movimento em defesa do trabalho decente, redução da jornada de trabalho e contra a terceirização é necessário. A luta é permanente”, salientou.
Ao final do evento, houve sessão de autógrafos do livro, que estará disponível para empréstimo na biblioteca do Sindicato, e foi servido coquetel aos convidados. O mestre de cerimônias foi o diretor Gilnei Nunes. Também estiveram presentes Simone Quadros, representando a deputada federal Denise Pessoa; deputado estadual Miguel Rossetto; Erick Vargas, representando a deputada estadual Sofia Cavedon; Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre; vereador Alexandre Bublitz; superintendente da Caixa, Marcelo Marimon; ex-presidente do SindBancários, Devanir Camargo; diretor da Fetrafi-RS Sandro Cheiran; diretor da Fetrafi-RS Edson Rocha; coordenador regional da Anapar, José Joaquim Marquisio; diretora da Agecef, Marla Gas; secretário do Sintrajufe, José Carlos de Oliveira; diretora do Sintrajufe, Denise Rosane Elias; presidente do Sinttel, Gilnei Azambuja; diretor do Sinttel, Mateus Bagestan; diretores do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Caroline Salgueiro e Juarez Azeredo Filho.
