Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz inicia campanha salarial
Assembleia esta marcada para esta quinta (10/07), com foco na valorização da categoria e na redução da jornada de trabalho
Publicado: 09 Julho, 2025 - 11h03 | Última modificação: 09 Julho, 2025 - 11h16
Escrito por: CUT-RS

O Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz deu início à campanha salarial 2025 com o objetivo de garantir reajuste digno para a categoria, valorização da mão de obra sapateira e avanço nas cláusulas sociais da Convenção Coletiva. A campanha começa oficialmente nesta quarta-feira (10), com Assembleias simultâneas em Sapiranga e Nova Hartz, às 17h30.
Segundo o presidente do sindicato, Júlio Cavalheiro, a campanha será construída de forma coletiva, com os trabalhadores e trabalhadoras. “A Assembleia é o momento em que a categoria apresenta os problemas enfrentados nas empresas e ajuda a construir a pauta de reivindicações. A partir daí, voltamos às portas de fábrica para seguir mobilizando”, afirma.
Reajuste com base em indicadores reais
Para Neto, não há condições de a negociação deste ano se basear apenas no INPC, cuja previsão ainda está em apuração para o período de agosto de 2024 a julho de 2025. “O índice do salário mínimo nacional foi de 7,25%, o piso regional do RS teve aumento de 8% e o setor da alimentação já acumula 7,2% de alta. Portanto, não faz sentido sentarmos à mesa para discutir um INPC que deve ficar abaixo desses índices. O custo de vida aumentou e a reposição precisa ser justa.”
Redução da jornada e valorização da categoria
Entre as principais bandeiras da campanha está a redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Atualmente, os sapateiros trabalham em regime de compensação, com folga aos sábados. “Queremos garantir que a jornada seja menor durante a semana, permitindo mais tempo de descanso, estudo e convivência. Isso melhora a qualidade de vida e aumenta a produtividade”, defende o dirigente.
A valorização da profissão de sapateiro também é um ponto central da mobilização. Júlio lembra que muitas empresas da região enfrentam dificuldade para contratar mão de obra, o que está diretamente ligado à baixa remuneração. “Hoje, um trabalhador vendendo bala na esquina ou pastel na rua pode tirar mais do que na fábrica. Isso mostra que os salários são insuficientes para atrair e manter os profissionais.”
Beira Rio é alvo de críticas
Uma das empresas mais citadas nas críticas dos trabalhadores é a Calçados Beira Rio, sediada em Sapiranga “Ano passado, saímos da mesa de negociação e, na semana seguinte, vimos no jornal das indústrias que o dono da Beira Rio estava entre os empresários do setor mais ricos do país. No entanto, a Beira Rio é uma das empresas que menos paga aos trabalhadores. Quem produz essa riqueza está na linha de produção, e ela precisa ser repartida de forma mais justa”, disparou Neto.
Participação nos lucros sem transparência
Outro ponto levantado pelo sindicato é a falta de transparência na participação nos lucros e resultados (PLR) em diversas empresas. “Hoje, o sindicato e os trabalhadores não têm acesso aos dados reais de desempenho. A empresa coloca um valor no quadro e pronto, mas não há como comprovar se aquele é o real resultado. Precisamos de mais transparência”, reivindica.
Próximos passos
A data-base da categoria é 1º de agosto. Até o final de julho, o sindicato espera concluir as negociações e fechar uma nova Convenção Coletiva. As primeiras reuniões com o setor patronal ainda não têm data marcada, mas a entidade sindical já se prepara para levar à mesa uma pauta robusta e baseada nas demandas reais da categoria.
“A luta é para garantir reajuste justo, melhores condições de trabalho e respeito à nossa profissão. A mobilização dos trabalhadores será fundamental para avançarmos”, conclui Júlio Neto.