Sindicalistas representantes de trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada, que viajaram no ônibus da CUT/RS, deram depoimentos sobre a importância da unidade da classe na defesa dos serviços públicos
Milhares de trabalhadores e trabalhadoras tomaram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira (29), na Marcha Nacional do Serviço Público contra a Reforma Administrativa (PEC 38). A mobilização, que durou cerca de três horas, reuniu as centrais sindicais, confederações e federações de servidores, com forte participação da CUT e das Três Esferas (municipais, estaduais e federais). Do Rio Grande do Sul, partiu um ônibus com cerca de 40 militantes da CUT-RS, que percorreu cerca de 36 horas de estrada para defender os serviços públicos e a democracia.
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A secretária-geral da CUT-RS, Silvana Piroli, destacou a força da unidade das centrais na luta contra o que classificou como “a reforma do Cavalo de Troia”. “O ato em Brasília foi muito importante, chamou atenção pela unidade das centrais e pela representatividade das lideranças de todo o país. Caminhamos por três horas contra uma proposta que não ataca apenas os direitos dos servidores, mas o direito da população a serviços públicos de qualidade”, afirmou.
Silvana alertou que a PEC permite a precarização generalizada do serviço público, abrindo caminho para contratações sem concurso e ampliando o poder político sobre cargos, como ocorria antes da Constituição de 1988.
A dirigente lembrou ainda que a proposta, empurrada por Hugo Motta (Republicanos-PB) e assinada pelos mesmos parlamentares defensores da “PEC da blindagem”, tenta vender um discurso sedutor de combate a privilégios, enquanto, na verdade, desmonta a estrutura pública que garante direitos sociais.
“É o Cavalo de Troia: parece bonito por fora, mas por dentro destrói o serviço público e entrega o Estado aos interesses privados e eleitorais. Quem votar nessa reforma não volta.”, afirma Silvana.
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Além de servidores, representantes de categorias do setor privado da CUT-RS viajaram a Brasília para reforçar a unidade da classe trabalhadora. Para eles, a reforma administrativa também atinge diretamente a população que depende do SUS, da escola pública e de outros serviços essenciais.
Jair José Rodrigo Rocha, do Sindicato da Alimentação de Marau, destacou os impactos diretos na saúde: “Hoje já é difícil conseguir consulta e exame. Com a reforma, vai piorar. Todos serão atingidos.”
Joyce Terezinha Cen Gomes, dos Metalúrgicos de Porto Alegre, lembrou que o SUS salvou vidas na sua família e defendeu os serviços públicos como garantia de direitos básicos: “Como a população mais humilde vai pagar escola ou hospital particular? Serviço público é essencial.”
Luis Fernando Prichua, presidente do Sindiurb Passo Fundo, reforçou que privatização e retirada de servidores significam piora no atendimento: “Onde tiram funcionário público, a qualidade cai. É projeto para agradar banqueiros e o rentismo, assim como a PEC 32 do Bolsonaro.”
João Batista Xavier da Silva, da Federação Democrática dos Trabalhadores do Calçado, resumiu a importância da unidade: “A reforma é atraso e retrocesso. A luta é de toda a classe trabalhadora. Se mexe com os serviços públicos, mexe com todo mundo.”
A CUT seguirá em Brasília pressionando parlamentares, nos estados dialogando com as categorias e nas redes denunciando os impactos da PEC 38. Piroli lembrou que, por ser uma mudança constitucional, o presidente Lula não pode vetar a reforma, e por isso a pressão popular será determinante: “É o Congresso que decide. Precisamos barrar essa PEC nas ruas e nas redes. Pressione seu deputado. Quem votar contra o povo, não volta.”
A CUT reforça que a luta continuará em todo o país, especialmente neste período de fim de ano, quando setores conservadores no Congresso tentam votar pautas contra o povo brasileiro “na surdina”.
Com informações de Sintrajufe-RS